Falar tudo o que pensa pode ser prejudicial para você e para quem ouve os seus comentários
publicado em 08/05/2016 às 00:05.
Por Rê Campbell / Foto: Fotolia
A sinceridade é uma virtude rara nos dias de hoje. É cada vez mais difícil encontrar uma amiga franca e transparente em suas opiniões e no seu modo de agir, não é mesmo? Entretanto, muita gente usa a desculpa da franqueza para despejar palavras carregadas de maldade, rancor e segundas intenções. Sinceridade em excesso é “sincericídio”, uma atitude que fere e magoa.
“Franqueza exagerada é grosseria, ofensa e falta de educação”, explica o psicoterapeuta e escritor Fernando Vieira Filho, de Uberaba (MG). Insistir em criticar os quilos a mais de uma amiga ou a aparência de cansaço dela, por exemplo, não é uma atitude apenas sincera. Afinal, será mesmo que o comentário vai ajudar sua amiga? Ou a língua afiada vai apenas destruir a autoestima dela?
O mesmo ocorre quando a esposa insiste em apontar as falhas do marido, sem espaço para elogios ou ponderações. Essas palavras são boas para o relacionamento? “Em muitos casos, a pessoa usa a desculpa da sinceridade para descarregar as próprias emoções, mas isso não é benéfico nem para ela nem para quem a ouve. Antes de falar, é importante ter certeza se aquilo vai ser útil para o outro, para a relação, quais são as possíveis consequências e se vai magoar”, destaca o médico, psicólogo e coach Roberto Debski, que atua em Santos (SP).
Falar tudo que vem à cabeça não é sinceridade. Destacar um defeito da cunhada, falar mal de uma atitude do namorado ou apontar a falha de um colega de trabalho na frente de toda a equipe são atitudes ligadas à impulsividade, como explica a psicóloga Tatiana Oliveira Serra, de São Paulo (SP). “Falar tudo o que pensa pode estar relacionado a um comportamento impulsivo.”
Para ela, sinceridade envolve reflexão e escolha do momento certo. “Se a sinceridade vai contribuir para a vida do outro, é legal expor. Mas se, naquele momento, ela vai prejudicar ou colocar algo em risco, pense antes de falar”, diz. Entretanto, Tatiana lembra que sinceridade é fundamental em qualquer relacionamento. “A sinceridade é uma base importante. Ela traz transparência e respeito.”
Quem já foi vítima do chamado “sincericídio” deve tomar cuidado para não responder aos comentários com grosseria. “É importante conversar com a pessoa, mas sem julgá-la. Nós não sabemos com certeza a intenção dela. Às vezes, a pessoa não percebeu que iria magoar. Explique que você se sentiu triste ou humilhada pelo comentário e mostre como gostaria que fosse”, ensina Debski.
“Se alguém magoou você, exercite o perdão. A mágoa é um lixo que pode virar uma doença. E, se você falou demais, trabalhe a humildade, aceite seu erro e procure mudar”, assinala Fernando Vieira Filho.
O psicólogo acrescenta que exercitar a empatia é outra dica para evitar falar demais. “Coloque-se no lugar do outro. Pessoas que não conseguem controlar o que dizem podem ficar desajustadas no ambiente social e ter dificuldades de se manter no emprego e no relacionamento amoroso”, finaliza.
Sinceridade
- Emitir opinião, quando for solicitada, escolhendo bem as palavras que vai usar.
- Fazer um comentário franco que ajude a melhorar uma situação ou evitar problemas.
- Apontar uma falha de um colega em uma conversa a sós e sugerir uma solução.
- Exercitar a compaixão e o respeito ao outro antes de falar.
- Aconselhar uma pessoa que precise de ajuda, sem obrigá-la a seguir sua opinião.
Sincericídio
- Falar tudo o que pensa.
- Julgar a atitude de outra pessoa.
- Fazer comparações entre pessoas para magoar uma delas.
- Emitir opiniões para descarregar as próprias emoções e angústias.
- Fazer comentários maldosos sobre cabelo, corpo e aparência de alguém.
Ouviu e não gostou?
Saiba o que fazer: Valorize-se. Perdoe e evite guardar mágoas. Converse com a pessoa e explique como o comportamento dela afetou você. Evite julgar a pessoa que falou demais. Em muitos casos, ela ainda não se deu conta do problema que causou. Aja com educação em todas as situações.
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Milhares de Bíblias são ofertadas pelos membros da UNIVERSAL para os jovens internos da Fundação CASA de São Paulo.
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